Publicado no Jornal A Tarde em 27.04.2016
Não sei o que será de nossas vidas com tantas proibições explicitadas/dissimuladas. Preconceitos ora vistos, ora escondidos pelos proveitos que podem tirar. Não gosto de escrever sob o signo da tristeza, isso pode adoecer, doença pode ser infecciosa. Eles conseguiram nos deixar tristes, há muito tempo, não apenas no último 17 de abril.
Hoje, a menina atravessou a rua, uns caras olharam atravessados: essa não é para casar. O rapaz, feliz pois virou moça, foi em direção à moça do outro lado da rua, sua semelhante. Uns ririam, dizendo sobre o fim disso tudo, outros, secretamente, manifestaram seus desejos escondidos em taças de cristal e em copos de extrato de tomate. Tudo seria acertado na praça Nossa Senhora da Luz.
O peão da construção civil, da indústria, os cotistas da leis 10.639 e 11.645, a comunidade LGBT, o empresário progressista, o povo feliz sentem o medo do fim das liberdades. O que fazer diante de tantas proibições de ser diferente? Gente de axé está de olhos abertos. Os evangélicos progressistas foram linchados. O problema é que são progressistas, se parecem com os católicos da Teologia da Libertação, disse um infeliz imune. A menina vermelha, que namorava com o vizinho amarelo, até tentou, mas ele concorda com as juras de estupro do deputado à deputada. Ele esqueceu que o seu amor não queria violência.
O petróleo que é brasileiro, corre o risco de não mais ser. Nosso provérbio sobre termos calma, visto que “o Brasil ainda é nosso”, ainda tem o ainda. Olimpíadas? Ninguém lembra! É proibido ter alegrias, quanto pior melhor. Temos ao que temer. Há muito tempo se cunha traição, ódio, lesa-pátria, covardia. Nessa confusão, o palhaço foi ofendido, serviu para nomear um palhaço licenciado e alguns políticos a zombar do povo e de políticos sérios. Disseram: beijo para meu pai, para minha mãe, para você. Deram-nos um tchau de mão fechada. Felizes, reagiremos!