A exposição “Jogo do Silêncio”, de Rachel Mascarenhas e Marcelus Freitas, foi pensada levando em conta as disposições físicas do espaço disponível para mostras de arte na instituição. Optou-se por duas exposições, conectada uma com a outra. Há um intercâmbio visual e conceitual, assim também como há uma articulação entre o trabalho de Rachel e Marcelus.
No primeiro espaço, a sala de menor área, os artistas apresentam seus trabalhos isoladamente. De um lado, Rachel com seus objetos construídos com velhos tacos, retirados de construções, depois de suportarem o atrito de muitos sapatos, ora reaproveitados, agrupados segundo a lógica de um jogo, que foi uma escolha da artista no mundo da arte. Do outro lado, Marcelus com suas pinturas em pequenos formatos, telas de 20x20cm, também faz um reaproveitamento de um repertório visual conhecido da pintura construtiva. Se Rachel lixa os tacos arranhados, Marcelus acrescenta em doses homeopáticas, riscos aleatórios nas suas pequenas telas, como se eles quisessem estabelecer relações: o que foi tirado de um, os resíduos dos atritos, é acrescentado no outro como mais um singelo elemento simbólico.
No segundo espaço, a sala de maior área, também um lugar de passagem para outros ambientes da instituição, os artistas planejaram uma intervenção com os elementos da exposição anterior: tacos e telas. Os tacos, objetos retirados do chão, passam a ocupar a parede, e as telas saem Almandrade da parede e vão para o chão. Essas trocas de lugares não são um acaso, são uma desarrumação proposital, para colocar momentaneamente, e matematicamente falando, o espaço da exposição de pernas para o ar. Não só para explorar as possibilidades do lugar, como também, experimentar a linguagem da arte como lugar de liberdade e pensamento.