a mãe come com as mãos
o pai come com os olhos
o tio come com os pés
o filho come pelas beiradas
e a anoréxica não come
já eu como feito um crime
que cometo ao sabor de
culpa rancor fome
de noite me deito e relembro
a história que me consome
tenho o gosto da própria carne
e do próprio sangue no abdome
é entre os dez dedos roídos
e os muitos dentes doídos que vivo
o dissabor de uma história sem nome