Amor, existes,
mas não vieste,
porque sabias
que a noite prenuncia
o esquecimento das manhãs.
Por isso repouso o meu desespero
sobre as folhas da macela
e macero o gemido da noite
uva para o meu paladar
claro aroma temporão
espora de clarão
tênue luz que alumia
as trevas desta cela
amarela vela
que espera e dispersa
o meu suspiro de amor.
Sabia, amor,
que não virias,
mas folgo que existas
no jejum do travesseiro
dessas noites dilaceradas.