Peço licença a você
Meu amigo torcedor
Vou agora descrever
Nossa história com amor
cantando com alegria
As glórias do meu Bahia
O famoso tricolor!
Faço parte de um grupo
Que aos outros intimida
Famosa em todo o Brasil
Por ser forte e aguerrida
Que canta com emoção
“Ninguém vence em vibração”:
É a nossa imensa torcida.
Formamos com muito gosto
A poderosa nação
Tricolor, que lota estádio
Em tudo que é divisão
É na A, na B, na C…
Como vocês podem ver,
A maior do Nordestão.
Não nego, sou torcedor
Daqueles de carteirinhas
Camisas tenho umas 10
Tenho gorro e bandeirinhas.
Tenho o que é meu por direito:
Duas estrelas no peito
Bonitas e amarelinhas
Que muito metem inveja
No nosso ilustre rival
Um time que é centenário
Campeão estadual
Mas título de guerreiro
(de campeão brasileiro)
Não consegue nem a pau!
O Esporte Clube Bahia
Esse cordel mereceu.
Dezenove e trinta e um
Foi o ano em que nasceu
E no primeiro torneio
Já mostrando pra que veio
O Baiano ele venceu.
Daí pra frente, amigos,
Não teve mais pra ninguém
Não teve pro Ipiranga
Nem pro Galícia também.
Aqui, ninguém ganhou mais
Títulos estaduais –
É o time que mais tem.
Já na década de 30 –
5 vezes campeão.
Trinta e três e trinta e quatro
O bi foi pra nossa mão.
A metade dos baianos
Nós, novatos, que levamos
Precisa comparação?
A outra década então…
Um a mais, agora seis.
Fomos tetracampeões,
Maiores mais uma vez.
Na década de cinquenta
Conquistamos nosso penta
Como mostro pra vocês.
E ainda mais glorifica
Nosso brilhante passado
Saber que o Santos do Rei
Foi na final derrotado.
Com show de bola no pé
Batemos o rei Pelé
Elevando o nosso estado.
Na década de 60
O tricolor foi modesto
Só levou 4 troféus
De modo justo e honesto
Deixando a oposição
Com um pouco de opção
Se batendo pelo resto.
Mas foi nos anos 70
Que mostramos nossa glória
Ganhamos nove troféus
(Se não me falha a memória).
Só faltou um nacional
Mas não é de todo mal –
Nós já temos muita história.
Por sete anos seguidos
Foi campeão desse estado
Deixando o nosso museu
De troféus quase lotado
E o rival só no lamento…
Esse acontecimento
Glorifica o seu passado.
De inigualável potência
Nesse tempo era um motor
V Power, o escambal,
Chegava que nem trator
Metia 6, 7, 8…
No rival, que tão afoito
Implorava por clamor.
Sapatão, Beijoca, Osni,
O tal Rebouças – zagueiro,
Douglas, um grande atacante
(Nosso segundo artilheiro)
São nomes demais honrados
(Que ficarão bem guardados)
Heróis do nosso celeiro.
Darei aos anos 80
Atenção especial
Neles fomos tri e tetra
Campeões do estadual.
Troféus, com engenho e arte
Ganhamos a maior parte
Sendo sete no total.
Mas, outro fato marcante
Que viria acontecer
Se deu em 88
(todos já devem saber)
Nós ganhamos, na moral,
Outro troféu nacional
Que assim vou descrever:
Um começo turbulento
Mostrou que íamos “mal”.
Empatamos com Bangu, (1 x 1)
Mas batemos no rival. (1 x 0)
Pro Fluminense perdemos, (3×0)
Mas o Flamengo vencemos. (1X0)
(do Inter tomamos pau). (3×0)
Aqui batemos o Grêmio, (3×1)
O Criciúma também. (0x1)
No América 2 a 1.
Do Verdão, ganhamos bem. (1×0)
Começando as finais
Ninguém nos derrotou mais –
Não teve para ninguém.
Com o Sport empatamos
(Zero a zero e um a um).
Pras semifinais passamos
E o Flu não ganhou nenhum.
A Fonte Nova lotamos
Por 2 a 1 nós ganhamos
E quebramos um jejum.
Assim chegamos enfim
À esperada final
Fomos conquistando aos poucos
O carisma nacional.
Mas, para a taça levar
Precisávamos ganhar
Do grande Internacional.
Só que agora que chegada
A esta colocação
Não iríamos deixar
O suor jorrar em vão
O esquadrão determinado
Derrubou o colorado
Sagrando-se campeão.
Nós fomos os campeões
Lá dentro do Beira-rio,
Até deixamos surpreso
Um ilustre que nos viu:
Luís Fernando Veríssimo
Que ficou foi surpresíssimo
Com o jogo que assistiu.
O elenco de 88
Não se pode comparar
Com o dos anos 70.
Mas podemos afirmar
Que era um time bem unido
Além disso, aguerrido
Disposto a tudo encarar.
O goleiro era Ronaldo:
Um paredão, um rochedo.
Na zaga, João Marcelo
E Claudir não tinham medo.
Inda tinha o Tricolor
Como exímio treinador
Evaristo de Macedo.
No meio tinha Zé Carlos
E o ilustre Bobô
Que por jogar tão bonito
Até verso ele ganhou
De Caetano Veloso –
Torcedor tão orgulhoso
Que até hino já gravou.
A década de 90
Dentre as demais que falei
Não foi uma das melhores
Vocês sabem e eu sei.
Mas também entrou pra história
Depois do empate com glória
Com o Gol de Raudinei.
Mostramos que time grande
(vamos deixar de burrice!)
Não é de morrer na praia
O Joel um dia disse
Sem maldade, sem veneno,
Que só é peixe pequeno
Quem já nasce pra ser vice.
Mas nem só de coisa boa
Pode um bom time viver.
Faz parte do futebol
Comemorar e sofrer.
Prova é que os anos 2000
Pro Bahia foi barril
Já cansamos de saber.
Saímos da série A,
Chegamos à série B
E para ficar pior
Também fomos para a C.
Foram tantos desenganos
Nestes tristes sete anos
Que nem quero descrever.
Sem contar no acidente
Do nosso templo maior
Nossa casa (a Fonte Nova)
Não resistiu. O pior
Que podia acontecer
Foi torcedor falecer
Cheio de festa ao redor.
Pois conseguimos acesso
À segunda divisão
A Fonte por dentro cheia
Lá fora a multidão
Esperando festejar
Com o trio comemorar
Desde já nossa ascensão.
Não ficamos satisfeitos
Com aquela posição
Conseguimos o acesso
À primeira divisão
E o Pituaçu novinho
Recebemos com carinho
Virou nosso caldeirão.
Assim é que nós seguimos
Lá no grupo principal
Lugar nosso de direito
Descer/subir é normal
Ruim é ficar 100 anos
Tentando elaborar planos
Pra ganhar um nacional.
Desculpem mas vou dizer
Pois esse papo já deu
Se vocês não têm história
Pra contar… problema seu!
Pois quem vive de memória,
De passado e glória
É time e também museu.
Baianos: quarenta e quatro
Por enquanto (o que é normal).
Brasileiros temos dois,
E vices, mais que o rival
Norte/Nordeste são seis
Por isso, mais uma vez,
Fiquem quietos, na moral!
Sei que não posso dizer
Que entre todos da nação
Somos os que mais levamos
Títulos de campeão.
Hoje o futebol mudou,
Se profissionalizou,
Complicando a situação.
Ganha quem tem mais dinheiro,
Melhor material veste
Quem tem patrocinador –
Empresário que investe.
Assim eu posso afirmar
Que fica mais fácil ganhar
Os times do sul-sudeste.
E mesmo assim o Bahia
Segue de a cabeça erguida
Pois mesmo sem holofote
Temos a nossa torcida
Que de todas as maneiras
Carrega as nossas bandeiras
Em tudo quanto é partida.
Aqui eu posso falar
Sem que ninguém me conteste
No sul a disputa é grande
(Rivalidade da peste!)
Mas posso com alegria
Dizer que o nosso Bahia
É o maior do Nordeste.
Por isso, peço desculpas
Para os times lá do Sul
Sei que lá tem porco e bambi
Tem saci, tem urubú
Mas aqui nesse Nordeste
O maior de todos veste
Branco, vermelho e azul.
Agora eu já me despeço
Feliz, cheio de alegria.
Já sinto que pude honrar
Com verdades, com magia,
Aqui, neste curto espaço,
Nosso Tricolor de Aço –
O ESPORTE CLUBE BAHIA.