Em pleno verão me joguei pelo mundo
Me pus a voar respirando outros ares
Beber em cidades de tão vastos bares
Tornou-se o desejo de um bom vagabundo
Mas nada do homem por mais que profundo
Com as coisas dos deuses irei comparar
Tão bruta beleza pra se admirar
Carece de tempo e espaço distinto
Por isso é que agora, de modo sucinto,
Eu canto um galope pra Viña del Mar!
No Chile de tão variadas paisagens
Em dias de sol eu fui bem recebido
Com muitos hermanos, tão bem acolhido,
Gravei na memória diversas imagens
Algumas até pareceram miragens
confesso que quase me pus a chorar
São tantas as coisas que eu quero contar
Mas não me permite esse verso inibido
Assim, me despeço de peito partido
Cantando um galope pra Viña del Mar.
A ti, Santiago, entreguei minhas pernas,
E tu sempre terna pra mim te entregastes.
Por todas as calles meu peito marcastes
Com forte compasso imagens eternas.
Nos bares de tantas pessoas modernas,
De tantos borrachos quis me embriagar
De ti muy regalos yo pude ganar
Em ti muitos dias à três por um triz
Vivi me fizestes de fato feliz
Mas canto um galope pra Viña del Mar.
A ti, Isla Negra, a quem o poeta
Neruda entregou-se ao seu ultimo berço
Não quero manchar-te com meu pobre verso
Somente lembrar-te será minha meta.
Teu nome é a prova bem mais que concreta
De que a poesia jamais falhará.
As horas que a ti pude me dedicar
Não suprem o esforço de estar mais contigo
Te peço desculpas e avante eu sigo
Cantando um galope pra Viña del Mar.
Ó, Valparaíso, de Santa Tereza
E Olinda me lembro te olhando dos cerros!
te miro dos portos, me esbarro em los perros
És bela, porém de elegante tristeza.
Por força cruel fruto da natureza
Os seus edifícios não podem durar
E um simples tremor poderá acabar
Com o todo o esforço pra vê-la erguida.
De ti vou lembrar pelo resto da vida
Mas canto um galope pra Viña del Mar.
Em Viña o tempo é um relógio de flor
En Viña é preciso flanar sem demora.
Em Viña del Mar solamente vigora
Canções de verão, elegias de amor
Em Viña o sol não pretende se pôr
E o dia, assim, não carece acabar
Em pleno Ducal necessito gritar
Pra gente da praia saber o que sinto
E para vocês não acharem que minto
Fiz esse galope pra Viña del Mar
Chegando à Bahia de São Salvador,
Bem mais que um andor que carrega os meus dias,
Irei me lembrar de tuas águas tão frias
(Foi lá que o pacífico me batizou).
Ó, Viña del Mar, tão saudoso eu estou
Talvez porque olhando-te eu quero voltar
Á minha cidade, às praias de lá,
Ao clima de flerte, às tardes de farra
Porque tu pareces eu tudo com a Barra
Eu canto-te aos montes, ó Viña del Mar!