Da Caixa D’Água à Lagoa da Paixão
Chega de corpos ao chão
Eu quero Bairro da Paz e Liberdade
Eu quero um Novo Horizonte,
Eu quero uma Boa Vista,
Uma Vista Alegre…
Para esta Cidade Nova,
Nova Esperança, eu quero!
E quero atravessar as Sete Portas
Pra me banhar nas Águas Claras
Da Praia Grande.
E quando na Boca da Mata Escura,
Dançar Cabula VI vezes com Valéria
Chupar um Bom Juá
E trepar nas Cajazeiras
Para ouvir a Engomadeira
Cantar bem alto
Na Fonte da Bica de Baixo
“Eu vim de Periperi,
Eu vim de Periperi”…
Por enquanto, minha alma Suburbana
Clama:
Da Caixa D’Água à Lagoa da Paixão
Chega de corpos ao chão
Eu quero Bairro da Paz e Liberdade.
PINTO, Jairo. Por onde começar: antologia de verso e prosa. Salvador: Cogito, 2016.
NECESSIDADE
Leia a letra,
Leia a palavra,
O verso, a estrofe, o poema.
Leia a cama,
Leia o quarto,
A casa, a rua, o bairro.
Leia a cidade,
Leia o Estado,
O país, o continente, o mundo.
Leia o universo,
Seja ele infinito ou não.
Leia, leia tudo e todas as entrelinhas.
Depois?
Depois se embriague
No mar revolto das possibilidades
Só navegado por quem enxerga além do horizonte.
SUSSUARANA, Sandro. [Sandro Ribeiro dos Santos]. (Org.). O diferencial da favela:poesias quebradas de quebrada. Vitória da Conquista: Galinha Pulando, 2014.