Na fotografia, parece, mas as mangas, prestes a cair,
não estão sendo cortadas pelos fios elétricos.
A imagem, paralisada, engana
– impressiona – e, desgraçadamente,
serve de mote para o sujeito criar versos.
(mesmo que soubesse quais eram as condições climáticas
no dia em que as frutas foram fotografadas, o poeta,
desprezando a força do vento daquele outono antecipado,
teimaria escrever: “fios elétricos cortam mangas”)