Só quem sabe o que é viver
Com medo de demissão
Saberá compreender
A triste situação
De quem vive ameaçado
De ficar desempregado
Sem qualquer explicação
É assim que se encontram
Os nossos terceirizados
Cujos avisos apontam
Quem já está descartado
Como um papel que se usa
Por quem come e se lambuza
E sai sem olhar pro lado
Sabemos que está barril
Os cortes nas federais
E que é grande o desafio
Para quem a gestão faz
Mas demissões sem critério
É algo mais do que sério
E que nos rouba a paz
E não só basta dizer
Que é culpa de Bolsonaro
Esse governo infame
Escroto e sem preparo
Pois se o corte está na mesa
Quem demite é a empresa
De um jeitinho nada claro
Há jovens recém paridas
E arrimo de família
Todas sendo preteridas
E outras tão na vigília
Sem saber o que fazer
Ou para quem recorrer
No meio dessa quezília
Trabalhadores antigos
Prestes a se aposentar
Estão entre os demitidos
Que lutam para ficar
Mulheres, em maioria
Negras, de periferia
Sem saber com quem contar
No prédio onde eu trabalho
A coisa é bem surreal
Só pode ser ato falho
(Do contrário foi por mal)
Pois só tem uma zeladora
E esta foi pra tesoura
Do corte empresarial
São decisões arbitrárias
Sem diálogo ou consenso
Medidas cheias de falhas
Que apostam no silêncio
Sobre o modus operandi
Desta injustiça grande
Tatuada num estêncil
Eis o quadro atual
De demissão e estresse
Respeito é um bom sinal
E também não adoece
O jogo é malicioso
(2015 de novo???)
E lucro sempre acontece
Mas a UFBA tem história
De luta e resistência
E não perdeu a memória
E tampouco a sapiência
E não engole esse regue
Aqui não há quem se entregue
Sem lutar com consciência
Defesa da educação
É a bandeira da hora
Nenhuma luta é em vão
E ninguém fica de fora
A batalha é coletiva
A ciência é afetiva
E a resistência é agora
Não há Universidade
Sem justiça social
E toda iniquidade
Convoca intelectual
A brigar por transparência
Por compromisso e decência
Em nível contratual
Que todos possam saber
O que está acontecendo
Que ninguém venha a sofrer
Mais do que já está sofrendo
Que ponham as cartas na mesa
Com lucidez e franqueza
Conforme estamos querendo
Que a empresa entenda
Que somos comunidade
E que de uma vez aprenda
Que a di-a-lo-gi-ci-da-de
É o cerne da educação
E que ser humano não
Se descarta, em verdade
Por isso acreditamos
Que é possível solução
Dentro da legalidade
E com muita reflexão
Onde as alternativas
Que devem ser positivas
Certamente surgirão
Que sejam então revogadas
Todas estas demissões
Que sejam feitas rodadas
De renegociações
Que todos possam falar
E a quem mais frágil está
Mais respeito e mais ações!
Assim termino meu verso
Com rimas que frutificam
Pode até ser controverso
Mas os termos reivindicam
Que sejamos mais prudentes
Pois se formos includentes
Os TERCEIRIZADOS FICAM!
Cordel de Salete Maria, 10/07/2019