Por favor!
Tirem a poesia do livro
Tirem o livro do sufoco
De uma estante
Nem que seja por um instante
Tirem a poesia do livro
Risque-a nos muros
Extraia dos pulsos
Joga no universo
Nem que saiba
Um verso
Eu te peço
Por favor
Tirem a poesia do livro
Não faz sentido
Deixa-las lá
Ela quer dançar
Pintar o mundo
Em tom maior
Ela quer brilhar
Feito o sol
Voar feito borboletas
Na primavera
Ele quer viver a nova era
Fora da biblioteca
Na viela do gueto
Ela quer rachar o preconceito
De quem se veste de acadêmico
Para vomitar palavras vazias
A poesia quer falar errado
Ou melhor, desconstruir
O supostamente certo
A poesia quer ter acesso
Ao seu coração
Então por favor
Tirem-na da prisão
De um livro fechado