Matei o meu amor romântico
Morreu ontem o meu amor romântico
Fui generosa a ponto de chorar a perda
Respirar a dor do luto
Meu amor romântico morreu jovem
Deu seu último suspiro aliviado
Morreu por obra da realidade
Morreu meu amor possessivo e raivoso,
Intempestivo, ciumento, histérico e odioso,
Matei o meu amor romântico
Morreu porque já era hora de celebrar o seu fim
Já era tempo de se desvencilhar do medo
Morreu junto com o peso e a culpa
Morreu meu amor romântico
Levou com ele todas as mazelas
Que fazem do amor uma coisa cruel
Morreu também a devoção
O amor abnegado
De pequenos sacrifícios diários
Brindemos a liberdade
O nascimento do amor próprio
Completo de si mesmo
Infinito de todo mistério do universo
Preenchido pela plenitude divina que nada aprisiona
Só ama
COSTA, Dayane Tosta. Nua e outros poemas. Vecchio: Salvador, 2019.