Não tenho os poderes das deusas do Olimpo
Não sou como Afrodite ou como Ártemis
Nem carrego os atributos de Atenas
Sou humana
Choro o choro
e rio o riso dos mortais
Meu tempo é areia
que escorre dos meus dedos
e com ele vai a minha juventude
Mas os anos, soldados do tempo,
imprimem em minha face
mais do que as rugas
Mas os anos, soldados do tempo,
imprimem em minha face
mais do que as rugas
Com os anos, aprendi
a abrir mão do que não me faz bem
a ver o lado positivo das coisas
a aceitar o que não consigo mudar…
E ainda que as minhas formas tomem novas formas
isso não me preocupa
porque não mais importa o que os outros
pensam a meu respeito!
Deleito-me com o que só o tempo é capaz de me dar
E é graças a minha efemeridade
que desfruto cada instante
como se só este me restasse!
REIS, Ilza Carla. Poemeadura. Ilhéus, BA: Mondrongo, 2018.