AULA DE ARCADISMO EM CORDEL

Eu abordei o Barroco

Num cordel anterior.

Meus alunos adoraram

E pediram um favor:

– Fale agora do Arcadismo,

Meu querido professor !

II

Ao ouvir aquele estímulo

Foi grande a satisfação.

Além do que eu sabia,

Faltava-me munição,

Eu precisei pesquisar

Pra cumprir essa missão.

III

Retornando à escola

Bem munido e preparado

Eu pedi aos meus alunos

Que tudo fosse anotado,

Pois o Arcadismo estava

Em cordel elaborado:

IV

E assim foi registrado

Conforme vou lhe mostrar

Nesses versos de cordel

Da cultura popular

Um período literário

Que você vai adorar!

V

O período Literário

Intitulado Arcadismo

Pode ser denominado

Também Neoclassicismo

Que remonta lá da Grécia

Dos clássicos e bucolismo.

VI

Tem origem o Arcadismo

Na lendária região

Cujo nome era Acádia

Grécia Antiga, o panteão.

De poetas e pastores

Que viviam em união.

VII

Mas vamos deixar de lado

O que se passou lá fora.

O Arcadismo no Brasil

É o que interessa agora.

Anote no seu caderno

Ligeirinho, sem demora:

VIII

Pra combater os excessos

Do Barroco brasileiro

Surge então o Arcadismo (1768)

No interior mineiro,

Na famosa Vila Rica

Solo fértil, alvissareiro.

IX

Isso em mil e setecentos

E sessenta e oito o ano:

Claudio Manoel da Costa,

Distante do solo urbano,

Publica “Obras Poéticas”

O seu marco soberano.

X

Nesse livro o poeta

Mostra então brasilidade

Carregada de lirismo

E muita simplicidade

Em que a vida pastoril

Tinha, sim, prioridade.

XI

Cláudio também escreveu

Um poema interessante

Cujo nome “Vila Rica”, (1773)

Um épico tão importante

Que não pode ficar fora

Da nossa querida estante!

XII

Vale também ressaltar

Que o polo pioneiro

Desse tema tão bonito

Deu-se no solo mineiro

Uma região bucólica

Muito rica por inteiro.

XIII

De outros poetas árcades

Falarei mais adiante

E veja que o Arcadismo

É muito mais que brilhante.

Anote as características

Desse tema motivante:

XIV

Um traço muito importante

É, sem dúvida, o bucolismo,

Em que a natureza então

É tratada com lirismo

Onde o homem é feliz

Com o seu pastoralismo.

XV

Além disso, o nativismo

É bastante cultuado:

A paisagem brasileira

E o seu grande legado,

Fauna, flora e minério

E o indígena exaltado.

XVI

A exploração satírica

Criticando a burguesia

São características fortes

Com um quê de rebeldia:

A Inconfidência Mineira

Que então se principia.

XVII

Há também o carpe diem

Um vocábulo do latim

Que é viver o presente

E aproveitar assim

Nossa vida aqui e agora

Antes de chegar ao fim !

XVIII

Personagens mitológicos

Vão estar sempre contidos.

Uma clara alusão

Dos fatos acontecidos

Na Arcádia tão lendária

Da Grécia dos tempos idos.

XIX

A forma da poesia

Não é muito radical

Porque a simplicidade

É muito fundamental

Assim vamos destacar:

Independência formal.

XX

Tem outra característica

Carregada de nobreza

Que se chama estoicismo

E deságua na leveza:

O desprezo aos prazeres

À luxúria e a riqueza.

XXI

A subjetividade

Presente aqui e acolá

Sobretudo em “Marília

De Dirceu”, que encantará

Todo aluno estudioso

Que nela pesquisará.

XXII

Agora vamos voltar

A falar de mais autores,

Esses mineiros brilhantes,

Grandes continuadores

Da nossa literatura

Permeada de amores.

XXIII

Tomás Antonio Gonzaga,

Um poeta consagrado

Que com Marília formou

Um casal apaixonado,

E assim pôde escrever

O seu livro tão falado.

XXIV

Esse livro mencionado

Que o leitor não esqueceu

Foi a obra mais brilhante

Que o poeta escreveu:

Obra prima do Arcadismo:

O “Marilia de Dirceu”. (1792/99)

XXV

Além dessa obra prima

Gonzaga satirizou

Escrevendo outro livro

Que a muitos encantou,

Chamado “Cartas Chilenas” (1787)

Que por fim lhe consagrou.

XXVI

O chamado Frei José

De Santa Rita Durão

Autor de “Caramuru” (1781)

Deu sua contribuição:

Um protesto nativista

Em defesa da Nação.

XXVII

José Basílio da Gama

Outro árcade mineiro,

Nas inovações da forma

Ele foi o pioneiro.

Estreou com “Uraguai” (1769)

E “Quitúbia” o derradeiro. (1791)

XXVIII

Teve o Silva Alvarenga

Que também contribuiu.

Com “O Desertor das Letras” (1744)

O seu nome garantiu:

Um poema herói-cômico

Que na crítica ele insistiu.

XXIX

Então vai chegando a vez

De findar o Arcadismo

Com Alvarenga Peixoto,

Precursor do Romantismo,

Com a sua obra “Glaura” (1799)

Recheada de lirismo.

XXX

Terminado o Arcadismo, (1836)

O Brasil segue adiante.

Na fase de transição

Surge o mais apaixonante,

O Romantismo famoso

E deveras cativante!

 

 

Por falar em Romantismo,

Aguarde a próxima edição

Que está sendo preparada

Com amor e dedicação

Nas pegadas do cordel

Que nasceu lá no sertão!

 

 

Brevemente nós teremos

A coleção completinha

Registrada em cordel,

Rimando linha por linha

Esse encanto de Cultura

Típico da Literatura…

Outrossim, saudade minha !

 

 

FIM

Salvador, 2013