É preciso não ranger os dentes,
não ter dores de estômago
É preciso tino, siso e tato
É preciso abrir o palato
1. É preciso fechar os olhos,
queimar a pele, deixar
o couro curtir ao Sol
É preciso encontrar o
umbigo do mundo,
atravessar as fronteiras da alma
e navegar ao infinito
É preciso fazer escolhas,
trilhar rochedos, calejar a carne,
saborear o fogo e o frio,
prender o fôlego, sentir-se vazio,
aceitar o oco: a eterna incompletude,
É preciso caçar os
tesouros da plenitude,
e ao final, toda via,
ter mãos vazias
É preciso mergulhar nas águas desse rio
deixar o vento carregar a dor,
salgar a língua no mar
É preciso viver de amor