O paraíso sempre foi perdido.
Minha paz é um pássaro sem sentido
voando sob a dúvida maior.
Apreço ante mim no dia turvo
com a foto de deus num álbum sujo
e eu de costas na foto vendo o sol.
Sem nenhum ritual exponho a foto.
Dentro dela me posto lá no fundo,
e às costas de deus, espelho dúbio,
me desnudo e declamo: somos pó.
(O súbito cenário, 1996)