Navego sobre o tempo
Deslizando pelas ondas eclipsadas
No ir e vir de memórias translúcidas
Com perfume de folhas de amaranto.
Meu verbo é cego
Ecoa no deserto de reminiscências
A hora que passa no relógio sem ponteiros
Preso na parede invisível do quarto em que me escondo.
As palavras ultrapassam os arrecifes
Desembocando nas praias que falam
E o sal da terra alimenta o desejo
Incontido no coração que grita sonhos.
Sou o espelho que passa
Rasgando caminhos voluptuosos
Dispersos pelo farol do ocaso
Soprados pela canção que matiza o silêncio.