Todo aluno que se preza
tem amor pela leitura,
nunca deve descuidar-se
da nossa Literatura,
visto que o conhecimento
é uma bela aventura!
II
E foi pensando em Cultura
que resolvi escrever
esse resumo em Cordel
prazeroso de se ler.
Ao final tenho certeza:
todos sentirão prazer.
III
Claro, não abordarei
o Barroco totalmente.
A função deste cordel
é abrir a sua mente,
estimulando à pesquisa,
de uma forma inteligente.
IV
Mesmo havendo controvérsia,
devemos acreditar
que o vocábulo “barroco”
tem origem secular,
deriva-se de uma pérola
de formato irregular.
V
O Barroco em seu início
é específico à pintura,
destaca-se em outros ramos:
nas artes, arquitetura…
Por fim exerce influência
dentro da Literatura.
VI
Itália foi o país
que deu marco inicial
à estética barroca
tornando universal
que, pra chegar ao Brasil,
fez história em Portugal.
VII
Valores medievais,
vindos do “império” cristão,
vão de encontro às novidades
do novo mundo pagão:
daí nascendo o conflito
entre a fé e a razão.
VIII
Essa fé religiosa,
vinda do Teocentrismo,
causa no homem barroco
crise de espiritualismo:
confrontando a crença em Deus
com o Antropocentrismo.
XIX
Com a Reforma Protestante,
surge um novo movimento
chamado Contra-Reforma,
que só tinha um intento:
colocar o catolicismo
novamente em crescimento.
XX
A Igreja então impõe
ao homem a religião.
Valores renascentistas
a lhe trazer confusão,
dessa maneira o poeta
sofre tanta inquietação.
XI
Pelas vias do conflito
o poeta então viveu.
Entre Deus e o profano
deveras ele sofreu.
Mesmo neste paradoxo
o Barroco floresceu.
XII
O Barroco, no Brasil,
aqui vamos estudar,
vendo a sua datação
e o seu desenrolar
autores, características,
apogeu e declinar.
XIII
Em 1601,
o Barroco é iniciado,
com Bento Teixeira Pinto
fazendo o famigerado
épico “Prosopopeia”:
não muito valorizado,
XIV
porque o Bento imitou
“Os Lusíadas”, de Camões,
elogiando Albuquerque,
com as suas pretensões:
agradar ao donatário
e não sofrer punições.
XV
Portanto “Prosopopeia”
não tem valor literário,
é somente um marco histórico
que bajula o donatário
Jorge Coelho de Albuquerque,
grande latifundiário.
XVI
Não devemos esquecer
que Botelho de Oliveira
foi o primeiro poeta
da poesia brasileira
com a “Música do Parnaso”:
coletânea sementeira,
XVII
sendo “Ilha de Maré”
o poema inaugural
da nossa literatura
de maneira oficial,
em que o baiano Botelho
foi o autor literal.
XVIII
Outro nome de valor:
o padre Antonio Vieira,
grande mestre da retórica,
um orador de primeira,
que teceu reflexões
à cultura brasileira.
XIX
Mesmo sendo português,
aqui teve sua valia;
professando seu discurso
com perfeita maestria,
concretizando o Barroco
na capital da Bahia.
XX
Vieira nasceu em Lisboa
mas viveu em Salvador,
dominava a Flor do Lácio,
um exímio orador.
“O Sermão da Sexagéxima”:
grande obra de valor.
XXI
Gregório de Matos Guerra
foi um poeta aguerrido,
chamado “Boca do Inferno”,
por todos era temido;
pela sua rebeldia
passou a ser perseguido.
XXII
Sua escrita era ferina
criticando a burguesia;
não temia aos poderosos,
mandatários da Bahia…
Foi assim que ele brilhou
com a sua poesia.
XXIII
Gregório de Matos foi
bastante influenciado
por Camões, Gôngora e Quevedo
(um trio mais que respeitado),
que em Portugal e Espanha
deixaram um grande legado..
XXIV
Este poeta maldito,
chamado Boca do Inferno,
incomodava o poder
e nunca foi subalterno:
criticava tudo e a todos
com seu estilo moderno.
XXV
De linguagem rebuscada,
primava pelo Cultismo:
estilo bem requintado,
repleto de eruditismo.
Fenomenal nas ideias:
dominou o Conceptismo:
XXVI
Sua poesia era
demasiadamente lírica;
além de religiosa,
era bastante satírica.
Assim Gregório logrou
agradar a toda crítica.
XXVII
O gosto pelo contraste:
a tristeza e a alegria;
a fé versus o profano;
o real e a fantasia;
o prazer e o sofrimento,
era assim sua poesia…
XXVIII
Gregório foi perseguido
pela Santa Inquisição.
Exilado em Angola,
passou muita privação.
E quando voltou ao Brasil
terminou sua missão.
XXIX
Existem pesquisadores
a contestar sua obra
que, envolvida em mistérios,
tem polêmicas de sobra.
O fato é que a maioria
à sua arte se dobra.
XXX
Ao chegar mil setecentos
e sessenta e oito, então,
o Barroco chega ao fim
cumprindo a sua missão.
Daí surge o Arcadismo
com uma outra visão.
XXXI
Barroco não é só isso
Apenas tento alertar…
Reiterando aos meus alunos
Razões para pesquisar.
Então sigo meu labor
Transmitindo com amor
O meu prazer de ensinar!
FIM
Salvador, abril de 2007