o amor que não deu certo
mas continua perto como
fantasma sob o mesmo teto
ou todos os paliativos que
amortecem o perigo de estar vivo:
comprimidos, gastos, filhos
tudo que simula sentido
dando qualquer engodo ao
meu corpo negro e gordo
tudo que escoe essa fome
de dar à vida um sobrenome
é uma pule premiada uma porta
nesse “vivo ou morto” o que im-
porta de um jeito ou de outro
é preencher o vazio a socos.
Publicado em Revista organismo, 2018