O universo quer voltar ao princípio
porque tudo está demasiadamente duro
demasiadamente perverso
A borboleta deseja voltar ao casulo
porque, lá, ela se sente protegida
da excessiva dureza da vida
da descomedida perversidade dos homens
A criança chora com saudade do ventre materno
onde ela era livre
onde o cordão umbilical era laço que unia…
Aqui fora, a criança chora
e reclama a ausência
infligida pela pressa das horas
do tempo que nunca sobra…
É preciso colocar, de novo,
as coisas no prumo!
Vai, criança!
Não dá mais pra voltar pr’o ventre
Então, segue em frente
e desavessa o mundo!
REIS, Ilza Carla. Poemeadura. Ilhéus, BA: Mondrongo, 2018.