retiro-me e deixo o tempo terminar o espetáculo,
renuncio a quase tudo que me compõe,
está composta a minha liberdade.
renuncio a morte que me liberta
diante do esquecimento na calçada;
renuncio a morte que amamenta
minha febre diante da perda;
renuncio à calçada renunciante
do meu corpo, sempre devolvendo minhas memórias,
ainda quentes, em meus braços.
Devolvo os enganos das memórias
e as renuncio ante a fantasia:
Ah, a calçada, ela mesma se corrompe
e fuma as cinzas de tantas pontas de cigarro, tantas…
Pontas de bocas passadas,
pontas biográficas que nunca contarão,
em seu corpo
os pedaços
deitados da minha história.
Renuncio as pontas que se cruzam,
levo as melodias apenas, cólera e dormência,
murmurando as coisas breves do meu pestanejar:
coisas de acordado, coisas sonolentas… breves.