Céleres, nossos passos em busca
dos desencontros que fomos até aqui
arroubos de amor e melancolia a
varejo não bastam o tédio da tarde
em plena a cordilheira da casa
grito aos quatro sóis o barravento
que derruba o pássaro aos pés de
sua Mãe
a ração anda cara pra alimentar tantos
demônios,
ao que se segue minha vizinha grita pelo amor
a jesus um punhado de glória no seu
dia-dia,
– sendo seus filhos encarando a maré
alta,
seja pra brincar ou pra colher peixes
esse que abastece o balaio da casa
o carro do pão passa apressado, não sente
que pode saciar tanta fome,
monstros vestidos de ursos de pelúcia
ninam sonhos da infância
enquanto isso:
a cidade arde entre o sol
e um rio de barriga cheia