a água que corta
o barro vermelho
do chão de terra
é fluido que escorre
na cidade de tábuas
e desce as encostas
serpenteado de lama
por entre os dedos
por entre as camas
de papelão estendido
e lava os pelos
dos corpos deitados
e desce a garganta
forte de ferro
e sai pelos poros
pelo canto dos olhos
lavando as mãos
ressequidas do tempo
postas moldando
os jarros de barro
o oco
em brincadeira e em verdade
o exemplo e a metáfora
é tudo que existe
de valioso e resiste
milagreira
cortante de pedras
PS: Poema publicado em À Espera do Verão (Editora Mondrongo, 2011)