Tenho um mestre que não conheço
e que me guia sem saber.
Não sabe meu endereço,
não sei seu nome: pra quê?
Sei que me guia, e bem
ou mal
me deixo reconduzir
aos mesmos vãos do real
em que me perco sem ir.
E ele, sem me dizer,
me diz que tudo está certo;
ao que eu, sem responder,
respondo: fique por perto,
mestre,
que estou perdido.
E ele, sem existir, me diz:
sim, meu filho, sim.
E tudo perde o sentido.
(Mirantes, 2012)