A Oya Balé
Talvez quando a noite acenda
o vasto farol do dia
já estarei apagada.
Maria da Conceição Paranhos
Ausência
a chuva escorre.
leva palitos de fósforo
à esquina. canoas,
por onde vai o canto
da calçada.
deságua nas panelas
suas melodias caídas do telhado,
um samba doido
batucado com os trovões.
chove. espelhos e santos
cobertos com pano branco
e tradição. a chuva enfraquece;
não seremos punidos. o canto,
santo remédio, cura do silêncio,
assusta a maldição, o vento
descobre os embuços…
partiu a chuva com os passos
daquela nuvem
inscrita nas rugas,
e a imagem e a semelhança
perdidas em algum céu.