A Gayaku Luiza de Oya
Nessas tardes
em que se passeia
por um jardim sem flores, o rio
é o que os olhos daquela mulher desejam.
Santo Amaro anuncia
algum doce de cana
nos cantos malandros
dos olhos daquela mulher.
E cai tanto vento
nos ouvidos
que a escrita é ardida
nessas tardes em que se passeia
pelo interior.
Mas o rio desce
goela à baixo
no Vale do Paraguaçu,
onde tradição não evolue
e quem vive latindo morre cachorro.
Nenhuma canoa
ousa rasgar as águas doces
do menino Moisés.
Dessa vez, os atabaques
do Mané Vitório o carregou no colo.
O riso dele era um riacho
onde Oxum se espelhava
cantando.
Que se abra então a Terra Vermelha
em lampejos pipocados no céu,
de felicidade
de qualquer coisa que se vista
com as cores daquela bandeira
grudada no suor
de nossa memória.