O cheiro entrou pelos meus olhos!
Coral, aceso, flamejante.
Como a força de uma dan,
que seduz o olhar…
e, sinuosa, aproxima o distante.
O raio solto na memória da criança,
que corria na cozinha de lenha.
Senti o calor da brasa, fascinada!
Pelo abano que minha avó balançava,
enquanto pitava o cachimbo!
O tempero fino para o peixe de água doce.
A carne cozida na panela de barro.
O pirão de osso de correr mexido no aribé.
O aroma da castanha de caju torrada no terreiro.
O gosto do murici pilado com farinha e rapadura.
A mesa arrumada, à espera do meu avô!
O sorriso farto no preparo do almoço.
A lembrança temperada com ternura…
De repente, a virada da foto,
incandiou o fundo do tempo!
E o olho, capturado pela cor,
explodiu em lembrança,
incandescente!
Não é coisa de se explicar.
A gente só sabe que sente!