Há sol demais na paisagem.
Moinhos de vento
Atormentam meu dia.
O casario recolheu o rutilar
Da minha vontade,
E eu, à sombra, deitei minha vocação
De campesina.
Minha boca pede água,
Somente meus pés pedem língua.
Tenho cansaço nas veias
De tanto deixar tecidos
Soltos no caminho.
Pescoço dança violoncelo,
Cintura requebra em violinos,
O meu vagar já é tão certo
Quanto a infelicidade dos dezembros.
Vem! Rega meu baixo ventre
Com aquilo que, em ti, é abundância.
Mas não venhas com esperas!
Estou mole, mole.
Quero abrir-me as pernas ao vento.
(Tratado das Veias/2006)