O menino nagô crescia no orfanato
Todo mundo chegava
Quase todo mundo partia
Para o menino nagô, no entanto,
Nunca chegava este dia.
Ficava com olhos brilhantes
Quando contava que descendia de reis
De um lugar distante
Era bonito vê-lo assim, tão pujante
Mas o menino nagô
Era quase um bibelô
Naquele orfanato-estante
Os dias passavam lentos
Com suas chegadas e suas saídas
Enquanto o menino nagô ficava
Condenado ao orfanato
Mesmo descendente de reis
Esperando, esperando… Sua vez.
KRISCHKE, Joyce Lima. (Org.). Interfaces de Amor e Paz: antologia CAPPAZ- vol. 4. Blumenau: Nova Letra, 2013.