A imagem quer sonhar seu próprio passado, recordar, recriar. Acumula informações e contradições: o novo e o arcaico. Dos traços rupestres depositados nas paredes das cavernas aos códigos virtuais da janela do computador, um mergulho na origem e no desenvolvimento da escrita. O projeto é fazer uma enciclopédia visual. O trabalho que propõe o poeta Wlademir Dias–Pino, um dos criadores da poesia concreta que comemora 30 anos em 2006, é construir uma história da imaginação da mão e do olho. Um lugar de meditar sobre a natureza das imagens apropriadas e transformadas em matéria-prima para outras imagens, que oferecem ao pensamento um mundo. Wlademir, “na sua seriedade de um dos mais perspicazes pesquisadores visuais no Brasil” (Antonio Houaiss), interroga os signos visuais como sabedoria, ou seja, a utilização e organização do visual como “coisa mental”, lembrando Leonardo da Vinci.
“Precisamos compreender que a mão, assim como o olho, tem seu devaneio e sua poesia.”
Gaston Bachelard
A mão do poeta inventa e relaciona imagens, mobiliza o pensamento de quem olha na busca de uma história, ou melhor, de uma pré-história das artes gráficas e sua poética. Uma performance da visualidade que viaja no tempo e exige de nós uma contemplação provocante. Elas são apenas o que desejam ser, imagens; mas estimulam a imaginação a ver um Almandrade certo universo que habita o signo. Quem olha com atenção descobre as confidências de um “artesão” que não desconhece o raciocínio das mãos. O olhar acaba por projetar sobre o que vê: uma história, uma lenda, ao percorrer toda a superfície gráfica. Vivendo entre Cuiabá e Rio de Janeiro, em 1974, Wlademir lança “A Marca e o Logotipo Brasileiros” que poderia ser o primeiro volume desta audaciosa Enciclopédia Visual. Mais do que um estudo de marcas e logotipos, é um rico repertório de imagens.