o poeta com as contas
penduras e a janela aberta
não quer guerra com ninguém.
não quer mais a palavra certa.
o poeta em silêncio
com todas elas, suspensas
dialogando com as cinzas
a favor do vento
a esmo e ainda cedo
cedo, poeta, com as palavras
em diapasão, envergonhadas
pelo engendramento das paragens
da carris em Alcântara ou lembrança
palavra alguma palavra.
o poeta no meio da vida
com os olhos polarizados
até o momento do beijo,
levando à boca
o papel em branco.
Tiago D. Oliveira
Inédito