Desisto de ser poeta. Desisto
da velha farsa que me leva a receber dinheiro nenhum.
Não quero mais o pássaro
entre rodas velozes –
bebericando água no buraco do asfalto quente.
Desisto da poesia em si
in mim.
Quero me sentar na cadeira numerada,
tomar chá com bons velhinhos,
ler palavras difíceis,
ajeitando os óculos no nariz
e rir a vida, moderadamente.
(quero a imortalidade de poéticos
e não-poéticos).
Mais que poesia:
prefiro ser patético.
(Leitura neon-reciclada, Organismo Editora, 2014)