é preciso acordar antes do dia
para tentar surpreender o sol,
é tempo de calor extremo.
os prédios, reaparece a memória
da poeira nos olhos abertos,
não reinventam a cidade.
de um pequeno jarro na janela
retiro as forças para as horas,
já não me irrita o silêncio no elevador.
defendo-me com os olhos fechados,
mesmo quando anulados, anelados,
preservo a reação das orquídeas
para que o sentido desenhe calmo
os afetos de sustentação, marinhos,
como este aroma que sinto
agora, quando encontro a praia
e seguro-me entre as paragens no ônibus,
que solfejo um verso nadador de Cecília
e tento sobreviver teu movimento.
Tiago D. Oliveira
(Inédito)