Veste o teu hábito de penumbra
afasta aromas de naftalina
orna a fronte com um véu opaco
flutua como uma noiva que não foi.
Abre a gaveta da memória
traze aquele lenço delicado
vede a seda já sem brilho:
com ele secarás a lágrima da santa.
Levanta dos precipícios de silêncio
toma o fôlego aos ventos esparsos
ergue o andor pesado das esquecidas
nele estarão teus sonhos mofados.
Vede o tempo que escorre
ouça: estás em atraso.
sinta a lacuna, crede: a vida
é uma procissão que não sairá.