Quando todo menino roubava manga.
Quando todo menino jogava bola.
Quando todo menino do mundo
Gostava do Xou da Xuxa.
Quando todas as árvores da rua eram vivas.
Quando era viva a velha que vendia
Doce na porta da rua.
Quando a revista de mulher nua ainda tinha
Mulher nua de verdade.
Quando todas as esperanças eram moças
E faziam graça na frente do Beira Rio.
Eu era mais um menino entre mangas,
Canela suja, assistindo tevê.
Eu era mais uma árvore da rua
Fazendo sombra pra velhinha do doce.
Eu era mais uma hora no banheiro
Na companhia de uma modelo peluda.
Eu era a esperança, jovem,
Comprando balas no Bar de Seu Neli.