Tudo muda com frequência, muito mais rápido do que o ritmo cadenciado do sol. Há mudanças invisíveis sim, tantas que é bem difícil enumerá-las. A cor das plantas do jardim perde um pouco de tonalidade verde se a chuva demora mais do que deveria.
Quando as águas demoram de cair, as nuvens trabalham rápido para realizar o que se esperam delas. O céu, de tanto permanecer azul, cansa os olhos dos homens que se enfraquecem lentamente e preferem escolher se deitar para não ter que encarar o cansaço do destino.
As coisas pequenas crescem de forma tão vigorosa que os minutos se esticam transformando-se em horas. Nunca mais se verão borboletas distraídas porque a preocupação com a morte da natureza permanece como um fantasma na alma dos bichos soltos.
Todas as melhores ideias escondem-se nos submundos das gavetas de homens tristes. Dá vontade de sair correndo e entrar na primeira igreja com altar de ouro. Mas tudo passa. Já chegou a hora de reunir mulheres viúvas e preparar para elas um simples jantar de velas apagadas.
(Quando A Luz Do Sol Desaparecer, Nada Vai Se Alterar No Universo; Crônicas, Editora Via Literarum, 2018)