O menino escrevia suas primeiras linhas e desejava anotar o óbvio sobre suas impressões iniciais a cada novo contato com a natureza viva. Mas não encontrava sustentação na gramática que aprendeu. Mesmo assim, escrevia as linhas com paixão e persistia nelas como a única forma de expressão que conhecia.
Continuou registrando tudo por toda a meninice; às vezes poesias inspiradas, outras vezes tratados científicos, e sempre guardava tudo numa caixinha verde. Os amigos perguntavam quando ele publicaria suas tantas ideias e toda a obra escrita com tamanha dedicação. O menino respondia que só faria no momento exato em que a natureza indicasse.
O tempo passou, sua infância foi deixada aos poucos para trás, seu vigor de homem adulto consumou-se e os escritos cessaram. A publicação nunca aconteceu porque a natureza o preparou justamente para ignorá-la e seguir em frente sem medo algum. Um homem belo e livre como uma simples folha amadurecida que se desgarra do caule pela força indiferente do vento.
(Quando A Luz Do Sol Desaparecer, Nada Vai Se Alterar No Universo; Crônicas, Editora Via Literarum, 2018)