Olho para o desvão dos dias
calculando em negativo
[com afinco fanático
o instante em que não creia mais
no acumulo
dos livros na estante
dos filmes, discos, lugares e listas de coisas intermináveis
que devo conhecer
de passado tudo, tão inútil agora, que guardamos
enquanto nos perdíamos
a sós
entre cidades
sem correspondência
ou endereço conhecido
e ainda reconhecendo assim
que creio
que acumulei demais
os nãos que ficaram entre dentes
e continuam a me rasgar feito pedra
embora me recuse
[com a mesma alegria e ferocidade
a continuar me perdendo
no que já não me cabe mais nas mãos
ou no peito