Vou comendo pelas beiras
Minha agonia semi-nua
Vou abrindo essa porteira
De querer ser sempre tua
Vou cavando um sofrer
E encontrando escorpiões
Sem querer mesmo temer
O escuro dos vagões
Vou aqui distanciando
E vendo se sobrevivo
Unhas e dentes rasgando
Meu desejo lascivo
Pedras e mancambiras
No sertão da minha alma
Minha seca é minha lira
Que toca rachando a calma
Sou um tijolo “pretim”
Nessa casa de farinha
Pó e resto de mim
Destroçados sem linha
Sou um pedacinho da lua
Nessa regra sem jogo
Sou uma pedra quase sua
Sou uma lasca de fogo
Vou seguir por esse lado
Desmentindo minha morte
Sou germe do sol alado
Ainda encontro meu norte