a Maria da Paixão
A cor da suavidade é que a modula.
Nela se abisma a luz e se revela
incapaz de alterar nada daquela
penumbra que a atrai, absorve, anula.
Nessa paisagem que coleia, ondula
como um rio, ou o mar ( e é dela e ela),
um vento violento me desvela
um animal que me trucida e ulula.
O tom da suavidade não se altera,
eleva um canto cálido e me diz
que são garras de amor, e é bela a fera.
E assim, em carne rubra e cicatriz,
entrego à cor profunda que me espera
estes despojos em que sou feliz.