A gaita toca o meu pai. Ela o torna instrumento de sua música. Suga seu sopro, seu beijo, sua troca de notas. A gaita sabe. Meu pai tem idade de ser o avô dela. A gaita toca meu pai como se ele fosse um piano. Ela o toca e o beija como beija. Ao tocar-lhe, é romântica. Meu pai é de uma música fundamental ao mundo. Ele não chora, ele mina. Mina a partitura do tempo. Ele existe. Meu pai existe, tempestuosamente, dentro daquela gaita.