– Mamãe, saindo um pouco deste assunto e, ao mesmo tempo, não saindo, eu descobri que aqui há vários lugares que têm o nome de uma planta que é daí do mundo de cima. Quer dizer, eu só descobri isso na época lendo um livro de um escritor chamado Rui Facó. “Cangaceiros e fanáticos” é o nome do livro.
Nesses lugares, as pessoas fazem suas pequenas casas umas coladas nas outras, que não passa nem mosquito. Quando eu ainda namorava Sara, a gente ia muito a um desses lugares, porque ela teve uma babá que foi como uma mãe para ela, que era moradora desse lugar. Quando a babá estava viva, Jussara não deixava de visitá-la, e eu ia junto. Sara sempre diz que a sua segunda mãe, como ela fala, tinha um coração do tamanho do mundo. Mas não é disso que eu quero falar… Eu descobri como eram chamados esses lugares que, na maioria das vezes, ficam nas partes altas da cidade… Têm o nome de uma planta que existe muito por aí e a senhora conhece muito: favela. Isso mesmo, mamãe! Eu ficava me perguntando qual a ligação que havia entre a planta daí e o nome que deram para esses lugares daqui. Cheguei até a perguntar para Sara, mas ela não soube me responder. Então, deixei pra lá. Mas quando passei a ler o tal livro, eu descobri.
A guerra de Canudos começou em 1894 e terminou quatro anos depois, com o massacre de muitos campeiros. Mas não quero falar disso, porque me deixa muito triste. O que eu quero mesmo é falar como o nome da nossa planta chegou até aqui no mundo dos homens.