Era o número 1. Sentia-se muito sozinho. Solitário, perdido no mundo, sofria de dores sem grandes amores. Não podia mais continuar sem amigos. Sua vida teria que mudar! Mas como? Desde criança era sozinho. Era sempre ele, ele, ele… Sentia-se muito triste por não ter amigos com quem pudesse dividir as brincadeiras.
Um dia, ao amanhecer, depois de tanto chorar, teve uma ideia luminosa. Foi passear pelo enorme mundo para ver se encontrava amigos que com ele pudessem se juntar… Foi quando percebeu lá de longe, junto a uma montanha, uma aldeia onde viviam outros números. Ávido para encontrar um amigo, o número 1 foi correndo para lá e viu muitos números que não conhecia. Lá estavam alguns números, ainda solitários como ele, outros, como o 2, formavam uma dupla inseparável. Viu trios musicais, formados pelos 3, e quartetos simpáticos, formados pelo 4. Os números estavam em tudo, juntos ou separados, dançavam, estudavam, passeavam… Mas ele era solitário, só de pensar nisso, seu coração encolhia… Ia ficar novamente triste, quando viu se aproximar um número redondo que, na verdade, não tinha muito valor sozinho… O zero também era triste, mas sofria por achar que não tinha valor. Na verdade, ele ainda não tinha se descoberto e, para esquecer o seu sofrimento, comia, comia e comia… de tanto comer, terminou ficando redondo…
O zero chegou e foi logo se apresentando. Falou de suas crises existenciais, contou que sempre esteve triste e que não tinha muito valor… O 1, por sua vez, contou que sempre se sentiu sozinho no mundo e nunca tinha ninguém para dividir os momentos, para falar das alegrias, para contar histórias ou piadas… um silêncio povoava o encontro dos números, quando o 1 teve outra de suas grandes idéias! Pensou que juntos, eles poderiam ser mais fortes. Então, o 1 deu a mão ao zero e, de repente, não estava mais só! Tornou-se dez… isso mesmo, agora não convivia mais com a solidão! O zero percebeu que, se unisse a alguém, ficaria muito forte. Eram muitos e inseparáveis. Tiveram que construir uma casa enorme e espaçosa para que todos pudessem morar. Conversaram muito com todos os amigos. Tinham companhia para irem aos passeios, para os estudos, para as leituras. Dormiam sempre na mesma hora, comiam juntos, contavam piadas, dançavam… Mas era cansativo ter tantos amigos… O número 1 sentiu falta de ter momentos sozinho. O número zero, também não quis ser sempre dez. Então, resolveram mudar de lugar. O zero foi para frente do um, dando-lhe a mão e, apesar de estarem juntos, não eram mais tantos. O 1 voltou a ser único no mundo e o zero percebeu que poderia se tornar dez, quando o 1 precisasse de mais amigos e, quando cansassem, a troca de lugares permitiria um descanso…. notou que tinha poder de auxiliar o número 1 e outros números também e terminou descobrindo que tinha muito valor, já que outros precisavam dele para serem mais fortes… E foi assim que o dia voltou a amanhecer no meio de imensas e inusitadas descobertas numéricas.