As casas que me habitaram
nunca disseram adeus.
No meu corpo de desenganos
cada madeira, cada farpa.
Entre o menino que se foi
e o homem que não chegara,
impõe-se cada cômodo…
alguns sonhos, ambas fraquezas.
Às vezes penso que quem
me pariu não foi a mãe ida,
mas o concreto com frestas
que iluminou planos de pipas,
minha última barba.
A casa que agora me vive
é um cubículo, um palácio
de pedras agras.
(In: Na pata do cavalo há sete abismos)