Vejo cores em P&B
Vejo as cores. Quais cores?
Vejo as cores que ali não estão, estando.
Vejo as cores que ali são, não sendo.
Vejo tantas mensagens, na mesma imagem,
niveladas na mesma ausência de coloração
numa expressão que esconde sem esconder
revelando, sem revelar, o que ali de fato há.
Vejo cores em preto e branco
Vejo o que está. Vejo o que imagino estar…
Vejo com olhos de quem lembra. Vejo com olhos de quem vê.
Vejo com olhos de quem cria. Vejo para apenas admirar.
É preciso muita segurança para em preto e branco expressar,
todas as cores, numa imagem congelada, num único plano, chapada.
Enquadrada numa mesma posição, mas que traz o movimento,
mesmo sem coloração, da lembrança, em forma de arte,
no registro daquela ação, com toda a mesma vívida emoção!
Vejo cores em preto e branco,
porque eu vejo o que está lá.
O que não está, ou me lembro, ou imagino: qual cor será?
Ou me dou a liberdade para inventar!
Vejo com o tato que não toca, porque não pode mais tocar
naquele tempo passado, parado, congelado, clicado,
num presente eternamente estampado.
De repente, já não vejo…
Sinto. Viajo. Estou lá!
Naquela imagem “pretobranqueada”,
Pelo tempo, amarelada, sem amarelar – pois amarelo não há… –
Eu toco e revivo, tudo, sem sair do lugar!