Nem a tinta dos sete mares
seria suficiente para pintar a tua face.
O sentido da tua face
nenhum espelho concentra.
Somente aquela singularidade provisória
pode perenizar a verdade de teu semblante.
E essa face de que me recordo
deixou no espaço e nesta tarde
um imenso vazio.
Porque tudo isso só faz sentido
se houver a tua presença
sendo abraçada pelo meu espanto.
Como inventar uma borboleta
sem o teu sorriso?
Como sonhar com o Paraíso sem ti,
erva do meu chá, Eva do meu chão?
Mesmo que um arco-íris se ajoelhe
e ofereça seu dorso para que o cavalgue
nas dissonâncias da partitura cósmica,
não vai ter lógica a ser ultrapassada
se minhas retinas estiverem trespassadas
pela tua ausência.
E no céu da minha nação
não há juventude nem sabedoria
se não houver tua companhia.
O outro que és é o longe
que se alonga ao meu encontro.
Sete (2015)